O presente trabalho pretende analisar os interesses em torno da política de habitação social no Brasil, tendo como objeto de análise o Programa Crédito Solidário – programa habitacional criado pelo governo Lula a partir do princípio da autogestão. A análise situa-se no campo de estudos em políticas públicas, e é feita sob a luz dos pressupostos da chamada Teoria da Organização Radical, valendo-se de suas duas correntes dominantes: a marxista estruturalista e a weberiana radical. A primeira centra sua análise nos processos macroestruturantes que conformam a ação dos agentes, e a segunda põe ênfase no poder que têm os agentes de mediar essa influência da estrutura, tomando decisões mais independentes.

O estudo utilizou metodologia que analisa o campo da política a partir de três dimensões que se relacionam e se sobrepõem na conformação de políticas, programas e ações: (i) as regras de formação de estrutura, que são regras que operam cognitivamente sobre as decisões dos agentes; (ii) a estrutura administrativa, que são as agências que estão relacionadas no campo da política; e a (iii) estrutura de interesses, que são as expectativas e demandas que os agentes têm sobre a política. Esse arcabouço teórico-metodológico possibilitou vislumbrar o embate de forças entre os agentes da rede de implementação do Programa e os impactos que tem sobre a política habitacional adotada. E ainda, quais as perspectivas o modelo baseado na autogestão tem de se consolidar como um paradigma de política habitacional de interesse social.

Veja aqui: TE 02_OS INTERESSES EM TORNO DA POLITICA DE HABITACAO SOCIAL NO BR_A AUTOGESTAO NO PROGRAMA CREDITO SOLIDARIO