Neste sábado, dia 24, às 16h, o Movimento Sem Terra Leste 1, ligado à União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM-SP) comemora 30 anos de seu primeiro mutirão, o Jd. São Francisco Setor 5. A comemoração acontece na Quadra do Conjunto, na Rua Olímpio de Sousa Andrade, s/n, Jd. São Francisco, próximo ao Jd. Santo André.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Leste 1 é um movimento criado em 1987 com o objetivo de garantir o direito a terra e moradia às famílias de baixa renda de parte da Zona Leste de São Paulo.

Nele, existem os mutirões, que unem várias famílias que vão morar em um projeto para que tudo seja construído coletivamente. Desde ir em busca da terra, dialogar sobre o formato da unidade, obter a aprovação do projeto, ter uma assessoria técnica, obter recursos financeiros, fazer a prestação de conta e definir deliberações do trabalho em si até a obra ficar pronta efetivamente. Tudo é discutido em assembleia, de forma auto gestionária, pensando em uma moradia com qualidade.

O processo do mutirão do Jd São Francisco é emblemático para o movimento pois foi o pontapé inicial para a realização de uma moradia digna para outras milhares de famílias ao longo de três décadas. Foi o 1º. Mutirão do programa municipal FUNAPS Comunitário, da gestão da então prefeita Luiza Erundina, que tinha como secretária a professora Erminia Maricato e Nabil Bonduki como superintendente de habitação e que revolucionou a produção habitacional no país.

O Funaps Comunitário foi o primeiro programa habitacional com autogestão, onde as famílias não só construíam as suas casas, como administravam os recursos públicos para a compra de materiais e contratação de serviços, modelo adotado até hoje em programas como o Min ha Casa Minha Vida Entidades.

“Era tudo novidade para nós na época, não conhecíamos nada, eram 82 famílias que começaram a administrar o recurso e o projeto. Foi uma vitória muito grande e abriu muitas portas, acabamos construindo o bairro como um todo, porque não tinha padaria, a escola não queria receber nossos filhos, e depois de muita conversa, reuniões, fomos conquistando. Hoje o bairro tem escola, farmácia, posto de saúde, um crescimento que ajuda diretamente não só as famílias do mutirão mas o bairro todo”, comenta Lucimara Rosário Santos, que mora no local desde quando a chave da casa própria foi entregue.

De fato, hoje, o Leste 1 é uma porta de entrada para famílias que desejam participar da luta por moradia digna. O movimento entende a moradia como um direito humano e que, nesse sentido, deve ser objeto de políticas públicas com gestão democrática.  Por isso, a Leste 1 reivindica projetos habitacionais onde a população beneficiária seja sujeito de todo o processo, participando desde a conquista dos recursos, à decisão do local, do projeto e da gestão da construção de suas casas, gerenciando e prestando contas dos recursos públicos.

“Para mim, histórico e socialmente, o significado de ter esse primeiro conjunto habitacional fazendo 30 anos é grande porque foi a porta de entrada para novos mutirões. A partir do momento que a Leste 1 se organizou e lutou para obter o primeiro recurso para construir o São Francisco, deu-se o pontapé para outros mutirões e a realização do sonho de milhares de famílias de ter uma moradia digna e com qualidade”, comenta Mariza Dutra Alves, do Movimento Sem Terra Leste 1.

 O Movimento Sem Terra Leste 1 faz parte da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM-SP), Central dos Movimentos Populares (CMP) e União Nacional por Moradia Popular (UNMP).

Documentário

Recentemente, foi lançado o documentário Os Mutirões da Leste 1, que apresenta a cronologia de todos os mutirões conquistados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Leste 1. Confira neste link.