No dia 23 de março, a União Nacional por Moradia Popular (UNMP), em parceria com a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM-SP), por meio da Secretaria de Mulheres da UMM-SP, realizou o Seminário de Formação Mulheres na Obra, com apoio da Fundação Ford e da Ambiente Arquitetura. O seminário teve por objetivos reunir mulheres participantes dos projetos de moradia vinculados à UMM-SP e potencializar sua capacidade de auto-organização. “O seminário foi muito bom, inclusive várias mulheres já estão pedindo continuidade, com novas atividades e rodas de conversa, relacionando a autogestão e as mulheres em obra”, afirma Fátima dos Santos, da UMM-SP. “Teve repercussão para fora, o que mostra a importância do debate das mulheres”.
O debate de gênero se coloca como uma possibilidade de instrumentalizar a luta das mulheres pela igualdade de direitos. É preciso fazer frente à cultura machista e patriarcal que marca nossa sociedade e que hoje, no Brasil, toma contornos mais nítidos com o fortalecimento de setores ultraconservadores no cenário político nacional. “Tivemos 159 mulheres presentes, falamos sobre a questão de gênero, as mulheres na obra, sua atuação no mutirão, e pudemos compartilhar entre os movimentos os nossos projetos. Foi muito bom. O primeiro seminário em nível estadual nessa característica de falar do trabalho das mulheres no movimento e no mutirão, e juntos conhecermos mais nossos direitos”, explica Mariza Alves, da UMM-SP. “Temos muitos desafios, mulheres que se sentem fragilizadas, a necessidade de empoderamento das mulheres, então temos muito o que fazer, continuar conversando e fortalecendo as mulheres na base, além de buscar uma sociedade mais justa na questão de gênero”, completa Mariza.
Entre os conteúdos abordados no Seminário, destacamos o recorte de gênero, a atualidade do debate e da luta em nosso País; o papel de protagonismo das mulheres na luta pelo direito à moradia; o direito à cidade e os avanços de consciência que a luta constrói em cada lutadora, fazendo com que a luta pela moradia seja um caminho que leva a tantas outras conquistas. O foco do seminário se deu nas singularidades do ser mulher na obra e na vida. O canteiro de obras é, historicamente, um espaço machista. Na autogestão, mulheres empoderadas atuam em todos os espaços da obra: na administração, nas funções da obra, na área técnica.