Por FENAE

Um prédio imponente no tradicional bairro do Brás, no centro de São Paulo (SP). Após 20 anos de luta incansável, o Condomínio Marisa Letícia foi entregue para as 245 famílias de baixa renda que aguardavam a tempo as chaves. O projeto é do Minha Casa Minha Vida – Entidades, programa destinado especificamente à concessão de financiamentos a pessoas físicas, contratados sob a forma associativa e que vem sendo reduzido nos últimos anos.

São mais de mil pessoas que finalmente terão uma casa confortável com quartos, sala, banheiro, área de lazer e salões comunitários. Para o representante da Unificação das Lutas de Cortiços e Moradia (ULCM), Sidnei Pita, o sentimento da entidade é de dever cumprido com os trabalhadores de baixa renda. A ULCM foi a entidade responsável pela execução da obra. O recurso, assim como outros empreendimentos do Minha Casa Minha Vida, é repassado por meio da Caixa Econômica Federal.

“Você consegue realmente perceber que você está transformando a vida das pessoas oferecendo mais qualidade de vida” afirmou Pita.

O Condomínio Marisa Letícia é um ponto fora da curva. Com o Minha Casa Minha Vida – Entidades praticamente parado, a finalização dessas unidades é uma grande vitória para as famílias. ” A gente não tem perspectiva de que o governo vai continuar o programa ou repassar áreas. O que estamos vendo é a venda do país”, avaliou o representante da ULCM.

A Caixa tem participação direta no Minha Casa Minha Vida. Desde 2009, mais de quatro milhões de unidades habitacionais foram entregues, R$ 105 bilhões investidos do Orçamento Geral da União e cerca de cinco milhões de famílias beneficiadas. O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, as entidades precisam se unir para evitar o fim do programa e a venda da Caixa.

“Esse é um grande projeto e que deu certo. No entanto, no atual momento a Caixa está acabando com o programa Entidades e o governo atual está acabando com a linha de financiamento. Por isso é importante que as entidades se juntem na defesa da Caixa, pois com a atual política do governo vai dificultar ainda mais esse tipo de alternativa”, afirmou Ferreira.

Apoio as famílias de baixa renda

É graças a Caixa, que as 245 famílias de São Paulo e outras milhares distribuídas em todo país puderam ter a casa própria por meio do Minha Casa Minha Vida. O programa foi projetado para resolver principalmente duas questões: reduzir o déficit habitacional do país e aquecer a economia. Mas, com os planos de venda de áreas importantes do banco, o programa pode acabar por completo.

Para 2020, o orçamento do programa poderá ser o menor da história. A previsão de investimento caiu de R$ 4,6 bilhões, em 2019, para R$ 2,7 bilhões nas projeções do governo federal. No projeto de Orçamento para 2020, a área social foi a mais atingida com a redução de investimentos. O contingenciamento levou mais de 90% do orçamento da área autorizado para o ano.