As 10 características dos Educadores e Educadoras Populares na Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire.

Este é um livro-educador. Aliás, como os outros que nós estamos produzindo nos últimos anos. A diferença de um livro-educador
para um livro didático, é que ele está intimamente conectado a perspectiva da transformação da sociedade, problematizando
o contexto concreto que educadores/as e educandos/as estão inseridos; enquanto os livros didáticos têm se caracterizado por ser
um aglomerado de conteúdos desconexos entre si e, principalmente, da realidade – são assépticos.

Enquanto os livros didáticos se pretendem neutros, o livro-educador é político, engajado, comprometido com a causa dos oprimidos/as. O livro didático transmite conhecimentos prontos a serem assimilados como verdades, enquanto o livro-educador instiga a produção coletiva de novos conhecimentos em vista da mudança do mundo. Esta nova modalidade – o livro-educador – precisava ser criado para preencher essa lacuna de nomenclatura na Educação Popular, para que nossos materiais político pedagógicos se diferenciem das cartilhas da “educação bancária”, encontrando assim o seu lugar na gramática da vida real.

E é devido à profunda dimensão política arraigada na nossa práxis pedagógica que nosso livro-educador está ancorado na perspectiva freiriana de educação, como uma tentativa de produzir uma lista de características da liderança popular, que com sua dinâmica interna, possibilita um processo de auto(trans)formação, em que cada educador, cada educadora, vai fazer uma análise crítica de si mesmo e de sua atuação pedagógica, podendo aprofundar e melhorar ainda mais a sua práxis. Foi porque ao descobrir e sistematizar essas características que nos mudaram tanto é que decidimos compartilhar com vocês, nossos leitores e leitoras, para que elas a transformem também, na esperança de que vocês assumam conosco a missão de divulgar o legado de Paulo Freire.
Estamos numa época propícia para falar de Freire, pois agora em 2017 estamos comemorando os 50 anos da primeira edição
do livro Educação como Prática da Liberdade no Brasil. Essa obra que é a ante-sala da Pedagogia do Oprimido, merece nossa leitura
atenta, precisa ser permanentemente redescoberta, pois ela é a síntese das primeiras e exitosas experiências de Freire na época da concepção do Método de Alfabetização de Adultos, embora já se encontra ali as bases sólidas da crítica a educação que Freire iria consolidar na sua obra máxima, poucos anos depois. Por isso, falar de liderança popular, 50 anos depois de Educação como Prática da Liberdade, encharca de sentido nossa práxis político-pedagógica.

Assim, concordamos com a lembrança de Oscar Jara H. no prefácio, ao recordar-se do diálogo com Freire: não devemos andar na frente, nem atrás do povo; a liderança popular anda junto, como um aprendiz do povo, um mediador do desvelamento do mundo, um problematizador da realidade, na busca permanente de ser mais com o povo, pronunciando a Palavra transformadora. Esperamos que esse livro-educador te auxilie na descoberta e ampliação de nosso compromisso com o povo, de nossa função social como educadores e educadoras populares que se constituem – na relação com os outros – como sujeitos construtores de uma nova sociedade, mais justa, solidária, onde seja menos difícil amar.

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